Os réus foram divididos em três grupos: núcleo principal (ou
político); núcleo operacional e financeiro, a cargo do esquema publicitário; e
o núcleo operacional e financeiro. Além desses grupos, há ainda um grupo
formado por políticos, assessores e outros profissionais ligados a instituições
financeiras ou envolvidos na campanha.
Os núcleos eram:
Principal (ou político): formado pelos políticos José
Dirceu, Delúbio Soares, Sílvio Pereira e José Genoíno. Eles são apontados como
os líderes do esquema e tinham o objetivo de pagar dívidas do PT, negociar
apoio político, custear gastos de campanha e outras despesas do partido e de
seus aliados.
JOSÉ DIRCEU
Ex-ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República,
em 2003, onde permaneceu até 2005. Foi acusado pelo ex-deputado petebista
Roberto Jefferson de ser o mentor do mensalão. Deixou a Casa Civil em 2005 e
voltou à Câmara dos Deputados, onde teve mandato cassado em dezembro do mesmo
ano e tornou-se inelegível por oito anos. Foi indiciado por corrupção ativa,
formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato.
JOSÉ GENOÍNO
Ex-deputado federal e presidente do PT na época do escândalo
do mensalão. Teria feito empréstimos no Banco Rural tendo como fiador o
empresário Marcos Valério. Renunciou à presidência do PT em 2005 e deixou o
cargo de deputado federal. Foi reeleito deputado no ano seguinte.
DELÚBIO SOARES
Ex-tesoureiro do PT. Foi acusado de criar e executar o
esquema do mensalão. Quando o escândalo veio à tona, assumiu a responsabilidade
e disse que o fez por conta própria, eximindo de culpa o partido e outros
líderes da legenda. Foi expulso do PT em 2005.
SILVINHO PEREIRA
Ex-secretário-geral do PT. Organizou e distribuiu cargos no
governo após a eleição de Lula em 2002. É acusado de receber propina de uma
empresa ligada ao esquema. Pediu demissão após o escândalo vir à tona. Em 2008,
fez um acordo com a Procuradoria Geral da União e deixou de ser réu no
processo. Ele cumpriu pena de 750 horas de serviços comunitários. Não trabalhou
mais em cargos públicos.
Núcleo operacional e financeiro, a cargo do esquema
publicitário: encabeçado por Marcos Valério, era composto ainda por Ramon
Hollerbach, Cristiano Paz, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos e Geiza Dias.
Segundo a denúncia, em conjunto com os dirigentes do Banco Rural, Marcos
Valério desenvolveu um esquema de utilização de suas empresas para
transferência de recursos financeiros a campanhas políticas. A origem das
verbas era simulada como empréstimo do Banco Rural e não eram declaradas à
Receita Federal.
MARCOS VALÉRIO
Publicitário e dono da SMP&B Publicidade. Apontado pelo
Ministério Público Federal como um dos responsáveis pelo esquema. Segundo o
MPF, tinha a função de operacionalizar o esquema com Delúbio Soares e seria
avalista de diversos empréstimos feitos por outras pessoas ligadas ao esquema,
alguns em nome do PT, nos bancos rural e BMG. É acusado de manter esquema
semelhante com o PSDB em 1998, em Minas Gerais.
RAMON CARDOSO
Sócio da empresa de Marcos Valério na SMP&B. Acusado de
envolvimento em empréstimos fraudulentos realizados pelo banco BMG ao PT e ao
grupo de empresas pertencentes a Marcos Valério.
CRISTIANO DE MELO
Era sócio-presidente e foi acusado de participar de
empréstimos e distribuição de recursos a políticos para conseguir firmar
contratos de publicidade com o governo. Em depoimento, negou participação no
escândalo e disse que desconhecia parte das atividades de Marcos Valério.
ROGÉRIO LANZA
TOLENTINO
Advogado da SMP&B e apontado como braço direito do
empresário Marcos Valério.
SIMONE REIS
Diretora financeira da SMP&B. Teria feito saques
diretamente na Agência do Banco Rural em Brasília e entregue a parlamentares.
GEIZA DIAS
Ex-funcionária da agência SMP&B, de Marcos Valério.
Seria uma das responsáveis pelo repasse de verbas a pessoas ligadas ao esquema.
Sua defesa alega que Simone nunca soube de pagamentos feitos a parlamentares,
partidos políticos e outras pessoas, com a finalidade descrita na denúncia. Ela
sustenta que, na qualidade de mera funcionária, nunca questionou seus
superiores sobre o destino das quantias descritas na denúncia, além de não ter
obtido qualquer vantagem com os fatos descritos na acusação do Ministério
Público
Núcleo operacional e financeiro: composto por José Roberto
Salgado, Ayanna Tenório, Vinícius Samarane e Kátia Rabello. De acordo com a
denúncia, este grupo estabelecia “mecanismos de operacionalização dos vultosos
pagamentos em espécie às pessoas indicadas pelo núcleo de Marcos Valério de
forma a possibilitar a não identificação dos efetivos beneficiários, bem como
burlar a legislação e normas infralegais que estabelecem a necessidade de
identificação e comunicação às autoridades competentes de operações com
indicativos de lavagem de dinheiro. Além disso, o grupo é acusado de “injetar
cifras milionárias nas contas da quadrilha para viabilizar o cometimento dos
crimes” denunciados.
KÁTIA RABELLO
Presidente do Conselho de Administração do Banco Rural.
Acusada de ter negociado empréstimos para o PT e alimentar o valerioduto –
esquema liderado por Marcos Valério. A atuação de Kátia seria para conseguir
vantagens na liquidação do Banco Mercantil do Pernambuco. É apontada também
como sócia de uma empresa nas Ilhas Cayman.
JOSÉ ROBERTO SALGADO
Vice-presidente do Banco Rural. É acusado de ter facilitado
empréstimos para o PT e para as empresas de Marcos Valério.
VINÍCIUS SAMARANE
Ex-diretor do Banco Rural na época do escândalo. Atualmente,
é o vice-presidente da mesma instituição. É acusado de facilitar empréstimos
para o PT.
AYANNA TENÓRIO
Ex-vice-presidente do Banco Rural. Acusada de autorizar
empréstimos a membros do esquema.
Outros acusados: Os demais acusados eram, em sua maioria, os
“mensaleiros” – políticos que recebiam dinheiro em troca de votos em favor do
governo. Além disso, fazem parte deste grupo alguns empresários acusados de
lavagem de dinheiro, assessores e o publicitário Duda Mendonça e sua sócia
Zilmar Fernandes Silveira.
O ex-deputado Jose Janene também fazia parte da lista dos
mensaleiros. Ele morreu em setembro de 2010.
JOÃO PAULO CUNHA
Deputado federal pelo PT e presidente da Câmara dos
Deputados na época do escândalo do mensalão. Documentos do Banco Rural apontam
que a mulher do deputado teria feito um saque de R$ 50 mil. O dinheiro teria
sido dado pela empresa de publicidade SM&PB, do empresário Marcos Valério.
Cunha foi julgado e absolvido pelo Plenário da Câmara e reeleito em 2006 e
2010. Está em seu quinto mandato como deputado estadual. Atualmente é candidato
à prefeitura de Osasco.
GUSHIKEN
Ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da
República. Quando o escândalo veio à tona ele deixou de ser ministro e passou a
ocupar o cargo de chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos. Segundo a
promotoria, teria desviado verbas do Fundo de Investimento VISANET, constituído
com recursos do Banco do Brasil S/A para o PT e para o grupo de Marcos Valério.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu, entretanto, que ele
fosse absolvido do processo por falta de provas.
HENRIQUE PIZZOLATO
Ex-diretor de marketing do Banco do Brasil. Junto com
Gushiken, é acusado de desviar verbas do Fundo de Investimento VISANET,
constituído com recursos do Banco do Brasil S/A para o PT e para o grupo de
Marcos Valério.
PEDRO SILVA CORREIA
NETO
Era diretor do PP na época do escândalo e estava em seu
sexto mandato. Foi cassado em 2006. É acusado de receber, junto com outros
parlamentares, cerca de R$ 4,1 milhões como propina entre os anos de 2003 e
2004.
PEDRO HENRY
Deputado do PP na época do escândalo e reeleito em 2010,
mesmo após ser considerado fica-suja. Também foi acusado de receber cerca de R$
4,1 milhões como propina, junto com outros parlamentares.
JOÃO CLÁUDIO GENU
Filiado ao PP e ex-assessor de Janene. Foi agente
administrativo do Ministério da Cultura e demitido por improbidade
administrativa. Acusado de recebimento de vernas de forma ilegal.
ENIVALDO QUADRADO
Sócio das empresas Bônus Banval Participações Ltda e Bônus
Banval Commodities Corretora de Mercadoria Ltda. No esquema do Mensalão, teria
recebido verbas do grupo de Marcos Valério. Confirmou a realização de vários
saques a pedido de Simone Vasconcelos e Marcos Valério em, no mínimo, quatro
oportunidades, totalizando R$ 605 mil. Em 2008, foi preso no Aeroporto
Internacional de Guarulhos, em São Paulo, com 361,445 euros escondidos na
cueca, meias e bagagens.
BRENO FISCHBERG
Ex-diretor da corretora Bonus Banval. Teria praticado crimes
de lavagem de dinheiro do valerioduto por meio da corretora Natimar,
beneficiando líderes do PP.
CARLOS ALBERTO
QUAGLIA
Ex-sócio da corretora Natimar. Teria facilitado um esquema
de lavagem de dinheiro para líderes do PP por meio de sua empresa.
VALDEMAR COSTA NETO
Deputado e ex-presidente do PL na época do escândalo.
Acusado de montar uma estrutura criminosa voltada para a prática dos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Admitiu ter recebido dinheiro do PT em
troca de apoio ao governo. Renunciou em 2005 para evitar a cassação. Articulou
a fusão do PL com o Prona para criação do PR e atualmente é um dos líderes do
partido. Foi eleito deputado em 2006 e reeleito em 2010.
JACINTO DE SOUZA
Apontado como homem de confiança de Valdemar da Costa Neto.
Teria feito saques de contas ligadas ao valerioduto.
ANTÔNIO DE PÁDUA
Irmão de Jacinto Lamas. Também acusado de realizar saques de
contas do valerioduto.
BISPO RODRIGUES
Conhecido como o Bispo Rodrigues, o ex-deputado federal é
fundador da Igreja Universal. Foi acusado de receber vantagens indevidas do
núcleo de Marcos Valério em troca de votos em favor do governo no Plenário da
Câmara. Teria mandado um motorista buscar R$ 150 mil do Banco Rural. Renunciou
ao mandato em 2005 para evitar a cassação. Não ocupou mais cargos públicos, mas
ainda teve o nome envolvido em outros escândalos, como a Operação Sanguessuga
da Polícia Federal.
ROBERTO JEFFERSON
Ex-deputado federal e presidente do PTB na época, é um dos
principais nomes do escândalo. Foi ele quem denunciou o esquema, inicialmente à
imprensa e depois à Justiça. Divulgou nomes dos parlamentares que estariam
ligados ao caso, acusando-os de receber periodicamente recursos do Partido dos
Trabalhadores em razão do seu apoio ao Governo Federal. Foi cassado em 2005 e
perdeu seus direitos políticos por oito anos. Aposentado como deputado, recebe
cerca de R$ 8,8 mil de proventos da Câmara.
EMERSON ELOY PALMIERI
Tesoureiro informal do PTB. Confirmou ter recebido verbas do
empresário Marcos Valério.
ROMEU FERREIRA
Ex-deputado pelo PTB. Acusado de receber verbas de forma
ilegal do valerioduto. Foi reeleito deputado federal por MG em 2010 pelo PSD.
JOSÉ RODRIGUES BORBA
Ex-deputado federal. Teria recebido verbas do valerioduto
para votar a favor do governo. Renunciou em 2005. Atualmente, é prefeito de
Jandaia do Sul, no Paraná.
PAULO ROBERTO ROCHA
FALCÃO
Ex-deputado federal (PT-PA). Acusado de receber verbas do
valerioduto para votar a favor do governo. Entre 2002 e 2006 seu patrimônio
aumentou em mais de 1000%. Renunciou em 2005 e foi reeleito deputado em 2006 e
2010.
ANITA LEOCÁDIA
PEREIRA DA COSTA
Assessora de Paulo Rocha (PT-PA). Teria recebido R$ 620 mil
em nome do deputado. Pediu demissão após o escândalo vir à tona.
PROFESSOR LUIZINHO
Ex-deputado pelo PT e líder do governo na Câmara na época do
escândalo. Teria recebido R$ 20 mil do valerioduto. O dinheiro foi sacado na
agência do Banco Rural em Brasília por José Nilson dos Santos, seu assessor
parlamentar. Escapou da cassação, mas não conseguiu se reeleger para nenhum
cargo que disputou depois do escândalo.
JOÃO MAGNO DE MOURA
Ex-deputado federal pelo PT-MG. Teria recebido cerca de R$
350 mil das empresas de Marcos Valério. Após ter sido denunciado, admitiu ter
recebido recursos por orientação de Delúbio Soares. Foi absolvido do processo
de cassação em 2006. Atualmente, não ocupa nenhum cargo público.
ANDERSON ADAUTO
Ex-ministro dos Transportes. Teria recebido, junto com seu
chefe de gabinete, José Luiz Alves, R$ 1 milhão do valerioduto. O dinheiro
teria sido recebido por meio do seu Chefe de Gabinete pela sistemática de
lavagem disponibilizada e operacionalizada pelos dirigentes do Banco Rural.
JOSÉ LUIZ ALVES
Chefe de gabinete do ex-ministro dos Transportes Anderson
Adauto. Teria recebido, junto com o ex-ministro, R$ 1 milhão do valerioduto. O
dinheiro foi recebido por meio de um esquema de lavagem de dinheiro encabeçado
por membros Banco Rural.
DUDA MENDONÇA
Publicitário e responsável pela campanha vitoriosa e pela
mudança na imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Confessou
ter recebido cerca de R$ 10 milhões e uma conta nas Bahamas. A conta teria sido aberta por instrução do
também publicitário Marcos Valério.
ZILMAR FERNANDES
Sócia de Duda Mendonça. Teria dividido o dinheiro recebido
do valerioduto com Mendonça. Também é acusada de ter feitos saques de cerca de
R$ 250 mil do Banco Rural.
JOSÉ JANENE
Ex-líder do PP na época do escândalo. Também acusado de
receber cerca de R$ 4,1 milhões como propina, junto com outros parlamentares.
Morreu em 14 de setembro de 2010
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